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| Sim, é o mesmo livro e tem duas capas. Minha preferida é a azul. E a de vocês? |
O que aconteceria se, de repente, sem nenhuma explicação, pessoas simplesmente desaparecessem, sumissem no ar?
Essa é a ideia principal de Os Deixados para Trás. Em um 14 de outubro, algumas pessoas desapareceram sem nenhum motivo. E acompanhamos como alguns moradores da pequena cidade de Mapleton lidam com os fatos. Embora nenhum membro da família do prefeito, Kevin, tenha desparecido, mesmo assim ela se desfez completamente. Sua esposa, Laurie, largou a família para se juntar a um culto. Seu filho passou a seguir um profeta chamado Santo Wayne. Quanto a sua filha, bem, ela já não é mais a mesma com tantas mudanças.
Acho que só pela sinopse fica bem claro porque eu quis ler esse livro. Sem um único protagonista, acompanhamos as pessoas lidando com um evento inimaginável: a Partida Repentina. Como seria se pessoas que amamos e outras não tão próximas assim simplesmente sumissem? Acho que nunca tinha ouvido falar de nenhum livro ou filme com essa ideia e, sinceramente, achei genial. Logo no começo, é possível perceber que Tom Perrota conseguiu imaginar brilhantemente como as pessoas lidariam com esse evento. Quem não acredita que realmente surgiriam tantos cultos, com as mais variadas crenças e hábitos? O de Laurie, por exemplo, conta com um voto de silêncio e muitas roupas brancas. Pode parecer estranho a princípio, mas algo me dizia que isso seria comum. Esse é um livro que só pela trama principal eu já acho que vale a pena ser lido.
A parte mais interessante do livro é ver como cada um dos nossos personagens principais lida com a perda. Embora a Partida Repentina possa parecer algo que valha a pena ser explorado e explicado, não é esse o foco do autor. Em momento nenhum ele se preocupa em explicar porque as pessoas sumiram, porque aquelas pessoas em especial nem nada relacionado ao desaparecimento. Assim como todos os personagens do livro, nós ficamos sem saber e tentando nos guiar, tentando encontrar nossas próprias explicações. O que Tom Perrota quer explorar é o vazio que o desaparecimento das pessoas deixa e como isso mexe com a mente de todos. E, sem dúvidas, ele faz isso muito bem. Ele soube explorar como as pessoas podem enlouquecer, como elas buscam resposta em qualquer coisa. É realmente uma experiência muito diferente.
Inclusive, há um comentário atrás do livro, do Stephen King, que acho que resume muito bem o que o livro passa. "Tom Perrotta faz uma pesquisa perturbadora sobre a reação das pessoas comuns a acontecimentos extraordinários e inexplicáveis, o poder da família para ferir e curar e a sutil facilidade com que a fé se transforma em fanatismo. Lido como metáfora para o esfacelamento político e social dos Estados Unidos pós 11 de Setembro, esse livro é um diagnóstico depressivamente preciso."
O problema que eu tive com esse livro é que ele não tem grandes acontecimentos, um grande final, nada. É o tipo de livro que eu lia sem saber o que eu estava esperando ou onde o autor queria chegar. Nós realmente lemos um fragmento da vida dos personagens e só. Ele começa, diversas coisas acontecem e, quando você vê, ele acabou. É interessante, mas me deixou esperando por mais. Bem mais.
Na minha opinião, Os Deixados para Trás é um livro que, como já disse, merece atenção só por trazer um enredo completamente diferente. É o livro que foge do nosso habitual e que, com certeza, vai te fazer pensar. Infelizmente, por eu estar esperando mais do que ele trás, ele não se tornou um dos meus favoritos. E, de certo modo, é um livro que eu queria que muitos de vocês lessem. Faz sentido? Acho que não. E eu nem ligo. Só espero ter despertado a curiosidade de vocês para ler Os Deixados para Trás.
Para quem se interessar, o próprio Tom Perrota está adaptando o livro para um série da HBO! Estou bem curiosa para ver a série ;)
beijos
Julia
