O Motivo, Patrick Ness.

21 de janeiro de 2012

O Motivo
"The Knife of Never Letting Go"
Patrick Ness
Pandorga Editora
437 páginas

   Todd Hewitt é um garoto de 12 anos, o último menino de Prentissburgo, uma cidade em que só existem homens, e que ele acredita ser a última do Novo Mundo. Em um mês Todd fará 13 anos e, segundo as leis locais, será um homem. O último homem de Prentissburgo, a cidade que está morrendo. Neste planeta, ocupado depois que a vida na Terra se tornou insuportável, houve uma guerra contra os locais, chamados Spackles, que dizimou todas as outras cidades e que matou também todas as mulheres através de um vírus que fez o pensamento de todo homem e animal audível e visível, criando assim o "Ruído".
    O Motivo, de Patrick Ness, é um livro distópico que eu descobri por acaso, no Deviantart, abrindo uma fanart bonita. Li o comentário da autora sobre a história, procurei uma resenha, cogitei comprar em inglês e descobri que tinha sido lançado há pouco tempo pela Pandorga aqui no Brasil. Enlouqueci. Pra minha sorte (e eterna gratidão) ganhei de de presente no amigo oculto de natal do ano passado (obrigada, obrigada, obrigada Rodrigo!). Comecei a ler no dia seguinte e foi o primeiro livro que eu terminei esse ano. E sério, que livro.
   Todd vive com dois amigos da sua falecida mãe, Ben e Cillian, que o criaram como filho, junto com seu cachorro Manchee, que ele ganhou a contra-gosto. Logo no começo da história, o garoto se envolve numa confusão com o clérigo fanático da cidade, Aaron e foge, correndo em direção ao pântano. Lá, ele encontra algo estranho, um ponto de silêncio, um buraco no meio do constante e onipresente ruído. Assustado, ele corre de volta pra casa, tentando esconder em sua mente o que ouviu - ou melhor, não ouviu. Mas ele não tem sucesso e, de repente, os homens do prefeito estão à sua porta e Ben e Cillian o obrigam a ir embora. E assim, Todd é obrigado a fugir com nada além de Manchee, a faca de caça de Ben e um livro, um diário, escrito por sua mãe e que Ben garante a Todd que vai lhe contar "a verdade" e que permaneceu escondido por todos esses anos. No seu caminho pra fora da cidade, ele encontra novamente o buraco no ruído e descobre que ele vem de uma garota, a primeira que ele vê na vida. A menina, Viola, estava sendo perseguida por Aaron, que acredita que ela é um sinal. Os dois fogem juntos então, e descobrem que o mundo de Todd não é feito de nada além de mentiras, e que saber a verdade pode ser fatal fora de Prentissburgo. A inocência é sua única defesa.
   O Motivo é um livro corrido. O ritmo, não só da história, mas da leitura, é frenético. É narrado pelo próprio Todd, com todos as suas manias orais e erros de eloquência e muitas, muitas vírgulas. É como entrar no Ruído, no pensamento sem pausas, acompanhando a mente do menino que está há dias de se tornar um homem. Nesse quesito, o livro parece ter sido feito pra mim. Não consigo nem descrever a tensão e a emoção que o livro levanta simplesmente por fazer você segurar a respiração enquanto lê tudo o que acontece com Todd, Manchee e Viola.
   Os personagens são todos tão bem construídos que, mesmo com a falta de descrições físicas, você tem um quadro muito, muito claro de todos os personagens, e uma identificação muito grande também. Mesmo os que aparecem por muito pouco tempo, como Ben e Cillian, cavam seu lugar no peito do leitor de maneira intensa. E esse é um dos pontos mais marcantes do livro: a intensidade. Ler O Motivo é certeza de passear por todo tipo de emoções, com uma carga que a gente vê pouco em livros atuais (eu tiraria apenas Jogos Vorazes da conta, por que né). E nós sentimos, mais que acompanhamos, cada perda e hesitação de Todd, cada dúvida e medo e desconfiança que ele deixa transparecer. 
   Como todo livro distópico ele carrega sua crítica à sociedade, e ela está de tal modo intrínseca à história que abrir os olhos parece inevitável. Como exemplos claros temos o prefeito Prentiss e sua sede de poder, que o levou a corromper e controlar até o ultimo homem da cidade; o preconceito e o medo, que leva à quase extinção dos locais, os Spackles; o controle e a sociedade de mentiras, gerados no ruído e, por último, e essencial no decorrer do livro; o exagero religioso - personificado no maníaco Aaron, "pastor" da igreja de Prentissburgo, capaz das maiores atrocidades e violências para alcançar Viola e Todd e fazer valer seu credo.Até onde essa gente vai chegar? Foi uma das perguntas que ficou na minha cabeça enquanto eu virava páginas e páginas, e fazia pausas de dias, com medo do que viria a seguir
    Enfim, O Motivo é um livro que eu recomendo e recomendo muito, recomendo no estilo largue tudo agora e vá ler este livro perfeito, por que ele é a coisa mais incrível que você vai achar por um tempo. Prepare seu coração para amar e odiar e chorar com força durante todas as páginas, prepare-se para a avalanche que o livro vai ser nos seus sentimentos e na sua credulidade. Abra seu coração pra Manchee, o melhor cachorro do mundo, pra Todd, o covarde que todos amamos e mergulhe logo nas páginas desse primeiro livro da trilogia Mundo em Caos. O único ponto negativo do livro é não ser volume único e ter me feito chorar baldes.
  Abaixo, as capas originais (a primeira é a minha favorita) e as capas, em inglês, dos dois volumes que são a continuação da trilogia. 
   Corre pra ler!
   Beijo, beijo,
   Thai.

Toda a Trilogia em suas capas originais
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