Coração Ferido - Chelsea Cain.

15 de novembro de 2011

   O detetive Archie Sheridan passou dez anos perseguindo Gretchen Lowell, uma estonteante serial killer, mas acabou como mais uma de suas vítimas. Agora ela está na cadeia pelo resto da vida enquanto Archie se vê em outro tipo de prisão: viciado em analgésicos, incapaz de voltar à sua antiga vida e sem forças para apagar da memória os dez dias horrendos em que foi torturado.
Quando outro criminoso começa a seqüestrar meninas em Portland, Archie tem que se recompor para liderar uma nova força-tarefa que investigará os assassinatos. Eles têm um maníaco para capturar, e talvez isso liberte Archie de Gretchen de uma vez por todas.


   Coração Ferido é um dos muitos livros que eu comprei na bienal - não que vocês saibam disso, já que nenhum dos 7 vídeos que eu tentei gravar conseguiu sobreviver - e eu retardei sua leitura por muitas e muitas semanas, por que embarquei numa onda de releitura que me levou novamente à Hogwarts e ao Acampamento Meio-Sangue. Mas enfim eu me vi deixando terras místicas e mágicas e comecei a leitura dos inéditos, e Coração Ferido foi o primeiro que se apresentou, caindo randomicamente da minha estante.
    Chelsea escreveu um livro forte. Não brutal, não nojento, mas na medida certa para ser chocante sem dar pesadelos: na minha mente, foi algo como ler um episódio da minha querida Criminal Minds. Eu gostei bastante.
    Coração Ferido contra três histórias: A de Gretchen, Serial Killer que, durante a investigação de seus crimes, prendeu o policial responsável por sua força-tarefa e o torturou até o ponto de matá-lo. Mas, por alguma razão, ela o reviveu, chamou o resgate se deixou prender. Não vemos tanto dela no livro a ponto de entendê-la, mas a presença dela está espalhada por toda a história, como que supervisionando tudo. Ela é a obsessão de Archie, e portanto, a nossa. Archie é um homem abalado e medicado, que está voltando ao trabalho como chefe de uma divisão especial para pegar um novo Serial Killer, que está matando colegiais. Mas ele faz uma exigência: quer ser acompanhado por uma repórter. E então surge Susan Ward, a jovem de cabelos coloridos e relações disfuncionais que está tentando entendê-lo para expô-lo nas capas dos jornais.
     O livro é eletrizante - os detalhes são tantos que permitem uma visualização quase perfeita das cenas - o que torna o descobrimento dos corpos e as torturas da Gretchen um espetáculo. Mas se você é fraca das pernas (ou do estomago), é melhor trabalhar nisso antes de encarar o livro. Eu, particularmente, não achei nada tão chocante, mas tem umas partes bem nojentinhas em uma cena de crime ou outra que, pros desacostumados, pode incomodar um pouco. A Cé achou mais pesado que eu - ela leu o primeiro capítulo - e a preleção dela me fez achar que o livro seria muito mais brutal do que foi. Nesse sentido, pra mim, a coisa foi um pouco decepcionante. Admito que imaginei que  a coisa seria muito mais Jogos Mortais do que Criminal Minds. Mas não se engane, o livro ainda é ótimo. Afinal de contas, serial killers tem um apelo psicológico muito interessante que faz com que suas histórias sejam sempre algo que vale conferir.
   Os personagens são bem explorados, intensos, cheios de problemas e complexos tão reais que fazem você querer sacudi-los até eles verem isso - mas bem, não há nada a fazer nesse quesito. E, além de todos os personagens coadjuvantes cujos backgrounds são um show a parte, temos Gretchen. Acho incrível como ela é construída, a mulher perfeita, transbordando paixão pelo seu, digamos, ofício. Seria deslumbrante se não fosse o pequeno detalhe que todo o prazer e sentido do qual ela tão eloquentemente fala vem ao observar (e participar) da morte das pessoas. O domínio que ela exerce não só sobre os homens, mas sobre Archie, é assustador. Algo que é mais complexo e vai além de uma Síndrome de Estocolmo. Eu sempre acho excitante assistir e tentar entender como a mente humana acaba em situações como essa, como se deturpa ao ponto de se viciar em pessoas que fazem mal, ou de se viciar no próprio mal, chegando ao ponto de se divertir com ele. Pra mim, esse é o ponto que faz o livro ser tão bom. Archie, Gretchen, a obsessão, a violência e tudo o que é retirado daí. A relação deles faz o mundo do detetive girar e, portanto, a história. Mas até onde isso faz algum sentido?
    O caso em si é ótimo de acompanhar, e você vai formulando suas próprias teorias até o final, para descobrir quem, no final das contas, estava matando as jovens e por quê. Como todo bom livro de mistério policial, você se vê surpreendido pelo rumo das coisas, e mesmo que seja velho de guerra no ramo - ah, eu e meu vicio em séries policiais lindas - acaba sendo pego de surpresa por um outro traço da conclusão da coisa. Pelo menos pra mim foi assim.
   Eu não sei mais o que posso falar sem entregar a história - o que eu não quero fazer. Se ficou alguma duvida, preciso dizer, o livro está recomendadíssimo. É gostoso de acompanhar, instiga a curiosidade e  mesmo com suas cenas de violência super bem descritas, não fica chato ou forçado, e proporciona uma leitura ótima. Nesse momento estou lendo o segundo da trilogia, o Coração Apaixonado, que vou resenhar assim que acabar (ou quase isso). Enfim, Chelsea Cain e seu bizarro gosto pelo mórbido criaram uma boa historia, cuja Serial Killer é reconhecida facilmente quando o assunto é romance policial. Vale conferir, com certeza.
  Beijo, beijo,
  Thai.
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